quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Livro Digital - Quando informação é melhor do que cheiro?


Esquerda: Fãs de J.K Rowling lotam livraria da California no lançamento
do último livro da série Harry Potter.
Direita: Fãs de Dan Brown do Reino Unido concentram em frente a um relógio
pra receber o livro Inferno em seus Kindle. 

Desde a antiguidade a escrita é utilizada para transmitir idéias e informações através de palavras. O objetivo em transmitir ensinos, valores e histórias é o mesmo, no entanto os meios de transmissão mudaram ao longo do tempo. A pedra, argila, papiro e pergaminho já foram os instrumentos principais utilizados para conservar a escrita. O livro tal como conhecemos surgiu na idade média e moderna, sendo por vários séculos até a atualidade o objeto principal para se publicar e fazer leituras. Com o surgimento dos tablets, smartphones e e-readers (leitores digitais), os meios de leitura tem se tornado cada vez mais diversificado e populares, atraindo um número de adeptos cada vez maior ao livro digital. No entanto, apesar do avanço da tecnologia, muitos ainda preferem segurar e sentir o cheiro do bom e clássico livro físico. Tal preferencia é quase sempre expressada com “nada se compara…”. Então fiz o teste, já por meses tenho utilizado diferentes instrumentos de leitura com o objetivo de buscar qual deles tornou minha experiência de leitura mais prática, agradável e proveitosa. 

“Não se pode julgar um livro pela capa”

O provérbio popular é verdadeiro, mas atire a primeira pedra o leitor que não é atraído pela capa de um belo livro! Quem nunca sentiu-se atraído a adquirir aquele livro de capa dura, com uma belíssima arte em alto relevo e recheado com belas ilustrações? Existem várias edições de livros e as vezes uma mesma obra reune diferentes edições que atraem tanto os leitores de primeira viagem quanto os colecionadores da obra ou do autor, não restando dúvidas que, por esses e outros motivos, uma publicação física se torna um objeto precioso de qualquer leitor. Mas até que ponto?

O Senhor dos Anéis, Edição Completa (Martins Fontes, 2003)

Logo acima está um livro que todo garoto nos seus 13 e 14 anos sonhava nos anos de 2001-2003, quando o mundo vivia o auge do encanto com O Senhor dos Anéis no Cinema. Naqueles anos, todos no Brasil voltaram seus olhos para a obra de J.R.R Tolkien. Naquela época só existia o livro físico, e as edições especiais desses livros eram objetos de cobiça. No entanto houve alguns incômodos nessa minha relíquia comprada em 2003. O grande volume era desconfortável para segurar e as letras de fonte pequena dificultava o bom entendimento e a fluidez da leitura. Marcar texto, fazer anotações, num livro de 150 reais? Nem pensar! Não só ele, até hoje qualquer livro a comprar, o tamanho da fonte será único, algumas vezes é possível encontrar uma de tamanho confortável, outras de tamanho mínimo, o que acaba gerando desconforto. 

Dan Brown é um dos meus escritores favoritos, no entanto a menos que você não seja um professor de Simbologia e História da Arte, vai parar a leitura em um de seus livros a cada 5 minutos ou a cada página virada e jogar no Google imagens os objetos, desenhos, obras de arte e locais apresentados que são de grande importância para o entendimento do enredo. A história que deveria ser de suspense acaba virando de pesquisa didática e o ritmo alucinante da narração de Dan Brown, infelizmente é sacrificado.

"Não se pode julgar um livro pelo formato" 

Geralmente não pensamos como a tecnologia poderá suprir alguma necessidade quando não nos damos conta que a necessidade existe. Antes de adquirir meu tablet (iPad), não sabia que meus hábitos de leitura mudaria de forma significativa através dos e-books. Mas mudou e os motivos foram vários. A possibilidade de alterar o tipo e o tamanho da fonte, associado com a possibilidade de fazer marcações e anotações, aumentou significativamente o entendimento e o proveito que eu tiro ao ler um livro. Não importa estar em pé, sentado ou deitado, um livro de 1.200 páginas ou mais estará na palma da minha mão sem grande esforço. Se é dia ou noite, iluminação favorável ou desfavorável, a leitura não será prejudicada, a iluminação do dispositivo é ajustável. A ressalva é o tempo de bateria, que além das distrações de jogos ou acessos a internet em 2 cliques, podem ter um efeito negativo e procrastinador na leitura. Além disso o reflexo na tela pode cansar a visão em um tempo bem mais curto do que seria com um livro.

O e-reader (leitor de livros digitais ou também chamados de ebooks) veio aprimorar algumas ferramentas já oferecidas pelos livro físicos e tablets, o resultado disso é que a experiência de leitura nesse dispositivo se tornou muito mais poderosa e proveitosa. Entre elas destacam-se o dicionário embutido, com ele você simplesmente clica e segura na palavra que não entende e o significado aparece numa janela sem nenhuma necessidade de acesso a internet. Não sabe que lugar ou da pessoa histórica que esse personagem está falando? Clique no nome e poderá ver no Wikipédia sem precisar sair do livro. Além de poder marcar textos e fazer anotações, o e-reader tem mais conforto visual que os tablets, pois sua tecnologia torna a aparência da página mais próxima do papel, no entanto sendo ainda um "papel" que você pode controlar a iluminação conforme o ambiente e sem prejuízos a visão. 

Leitor de e-books da Amazon - Kindle Paperwhite


Kindle sob ambiente escuro


Fãs de Dan Brown e usuários de Kindle recebem  o e-book
 do livro INFERNO na noite de Lançamento no Reino Unido


"Quando o cheiro é a melhor opção"

As edições especiais dos livros de Dan Brown são pra mim os melhores exemplos de como os livros físicos ainda podem, algumas vezes, proporcionar uma melhor experiência de leitura. Como já mencionado, percorrer as aventuras de Robert Langdon em livros como O Código da Vinci,  O Símbolo Perdido e Inferno exigem saber o que são de fato as pinturas, objetos de artes e símbolos reais que são citados nos livros. Para suprir essa necessidade, a editora Sextante publicou as edições ilustradas, que são verdadeiras enciclopédias que guiam o leitor do começo ao fim da história sem precisar de qualquer outro material extra. 

O Símbolo Perdido - Dan Brown (Editora Sextante)

Outro é exemplo é o livro The Hobbit - Art & Design da WETA, que contém riquíssimas informações da concepção visual dos cenários, figurinos e armaduras apresentadas na trilogia O Hobbit. A experiência de conhecer o visual dos filmes com lindas fotografias e ilustrações dispensa qualquer outro formato. 

The Hobbit, Chronicles - Art & Design (WETA) 
  

CONCLUSÃO: Já desejou alguma vez viajar a lugares distantes, conhecer pessoas de diferentes culturas, ver e explorar maravilhas naturais — como assombrosas quedas-d’água, majestosas montanhas e misteriosas selvas — e aprender sobre aves, animais e plantas exóticas? Ou gostaria de mergulhar no leito oceânico, penetrar fundo no espaço sideral, perscrutar o mundo microscópico, estudar as maravilhas do cérebro, do olho e do coração, ou testemunhar o milagre do nascimento? Talvez até mesmo fazer recuar o relógio e mergulhar no passado, através da História e da arqueologia? Ou que tal se perder num mundo de Fantasia onde só existe na imaginação? É possível realizar tudo isso no conforto de uma poltrona, na sala da nossa casa, na mesa da biblioteca. Ler não é muito mais do que entrenimento, é sobrevivência. O importante não foi a pedra, não foi o papiro, não é o livro, o tablet e nem o e-reader, mas sim o conteúdo. Portanto, não tenha preconceitos, experimente diferentes formatos e sinta qual lhe proporciona uma melhor experiência de leitura, que não precisa ser sempre um ou outro. 

Se você gostaria de debater mais sobre o assunto, acesso o grupo: Valfenda - A Última Casa Amiga 

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